Quando uma empresa opta pela terceirização da logística e do transporte (ver Transporte e logística: Internalizar ou recorrer ao outsourcing?), a primeira questão que se coloca é como selecionar um bom parceiro.
A oferta de serviços de logística e transporte é grande e tende a crescer, pelo que as opções são muitas. O risco da empresa não selecionar bem seus parceiros logísticos é igualmente grande, até porque a tentação de privilegiar o fator preço tende a ser bastante falaciosa.
Se a lógica começou por ser a de um simples fornecedor de serviços, hoje as empresas necessitam de um parceiro estratégico, que viabilize o desenvolvimento que pretende para o seu negócio.
À semelhança das relações pessoais, numa primeira instância é fundamental alinhar expectativas e identificar possíveis “zonas de conflito” (Ruzzier & Scrabotic, 2012). Muito mais do que enumerar ingredientes pontuais para a receita perfeita, torna-se fundamental saber questionar o imprescindível num potencial parceiro de negócios.
1. Expertise nas necessidades particulares da empresa
No que toca os serviços de transporte e logística, a expertise nos processos inerentes à realidade de cada nicho assume o protagonismo.
As exigências da atividade de uma Empresa têxtil, por exemplo, são muito distintas das de uma empresa especializada na produção de equipamentos para a indústria petrolífera, no que se refere ao acondicionamento de carga, aos procedimentos no transporte ou mesmo, eventualmente, às burocracias inerentes à sua distribuição.
2. Cultura da empresa e Comunicação
A cultura da Organização é compatível com a nossa? Culturas organizacionais muito divergentes inviabilizam o sucesso de qualquer parceria, logo à nascença.
Não obstante, apesar de constituir um fator transversal e elementar a qualquer díade relacional, a comunicação eficaz é um excelente preditor de escolha ponderada e do sucesso de uma parceria. É necessário definir exatamente o que se quer e como se quer, o que se espera e o que se exige, para que possa ser estabelecido um plano de ação e se evitem retrocessos e dissabores.
3. Flexibilidade
A flexibilidade para aceitar e acompanhar as necessidades de mudança dos clientes ou dos mercados, para desenvolver soluções diferentes e diversas, tão urgentes no panorama atual, constituem o apogeu de uma parceria “com pernas para andar”.
4. Confiança
Estas demandas apenas fazem sentido no âmbito de um cenário de confiança, o fator sine qua non para o estabelecimento de qualquer relação, comercial ou não. Especialmente quando implica partilhar com terceiros objetivos e visões.
Assistimos a uma expansão no paradigma de tomada de decisões no mundo Empresarial, que tende a ultrapassar os aspetos inerentes ao negócio ou meramente financeiros. Se é claro que os benefícios financeiros são uma prioridade comum às Empresas, muito mais clara é a procura de vantagens competitivas através da partilha de conhecimento técnico, recursos e influência.
5. Controlo de indicadores e melhoria continua?
Trata-se de uma Empresa que mede o que faz e pratica a melhoria contínua? Se não for o caso terá dificuldade em saber se a gestão logística é eficaz, qual a margem de melhoria e como melhorar.
6. Serviço ao cliente
O seu parceiro assume um claro compromisso ao serviço ao cliente? Mais do que um conjunto de boas práticas, trata-se de uma questão de atitude. Se não estiver no ADN da empresa, será mais difícil de mudar.
E para a sua empresa, o que é absolutamente indispensável num parceiro de transporte e logística?
Referências:
Ruzzier, M., Scrabotic, A. (2012). Logistics Outsourcing: Lessons from Case studies. In Managing Global Transitions, 10 (2): 205-225.
http://www.fm-kp.si/zalozba/ISSN/1581-6311/10_205-225.pdf
John Langley, Jr., Ph.D., and Capgemini. 2013 Third-Party Logistics Study The State of Logistics Outsourcing Results and Findings of the 17th Annual Study
https://www.capgemini.com/resource-file-access/resource/pdf/2013_Third-Party_Logistics_Study.pdf